São Paulo, 06 de dezembro de 2015
Hoje, dia 06 de dezembro de 2015, participei no Templo budista Higashi Honganji, Ordem Otani do Budismo Shinshu, da cerimônia de iniciação denominada Kikyoshiki. Em termos práticos, o rito oficializa os participantes como integrantes do Sangha (comunidade) desta escola budista. Uma escolha fundamentada na confiança dos ensinamentos do mestre Shinran Shonin. Entre as várias passagens do rito, recebemos a tonsura simbólica e o homyo (nome budista provido de um forte simbolismo fraterno e significativo em termos de sentido no caminho budista). Recebi o nome de Shaku (derivado de Shakyamuni, o buda histórico) Yui (唯 – único) Nen (念 – representa o nome sagrado). Portanto, aquele que segue unicamente o ensinamento sagrado. Assim, penso que algumas considerações devam ser expressadas.
Em primeiro lugar, impossível não manifestar a emoção, honra e alegria sentidas neste momento especial de minha vida (se é que em palavras conseguimos transmitir o que vivenciamos). O orgulho de receber a tonsura e o homyo das mãos de um descendente direto de Shinran Shonin, Rev. Choyu Otani, Grão mestre de nossa ordem, é algo indescritível. Depois, é preciso dizer que nada é ao acaso, e que a ocasião é fruto, ao menos sobre aquilo que me diz respeito, de uma longa caminhada.
Não é a primeira vez que vivencio tal experiência, apesar da emoção experimentada. Há dez anos atrás, passei pela mesma cerimônia, na mesma escola, só que em outra ordem. Por várias razões que não cabem aqui, o caminho foi interrompido. Todavia, foi naquela oportunidade que conheci duas pessoas que me inspiram até hoje. Um jovem rapaz que hoje é um grande monge: Jean-Jacques Algieri (Shaku Tetsuji) e que tomou refúgio no mesmo dia que eu, precisamente em 2005. Anos mais tarde, optou igualmente por mudar de ordem, e sinto orgulho e felicidade por saber que nossos caminhos ainda estão alinhados e que sua amizade é inquestionável.
Outra pessoa que lá encontrei é alguém para quem não consigo encontrar palavras que expressem a gratidão por tudo o que fez e faz por mim. Na escola anterior, era um rapaz cheio de energia e atitudes que tinham o único propósito de difundir o dharma. Promoveu várias iniciativas num grande esforço para apresentar os ensinamentos proferidos por Sidarta Gautama e Shinran Shonin para uma cultura diferente e resistente a novas ideias. Seu entusiasmo e dedicação, dez anos depois, ainda me inspiram, provocam em mim uma admiração reverente, a sensação de alegria por tê-lo conhecido, além de, pessoalmente, considerá-lo mais que um amigo – um irmão. Falo de Maurício Hondaku (Shaku Hondaku), monge da ordem Otani, cuja contribuição para a difusão dos ensinamentos budistas, gentileza, entusiasmo, dedicação, não podem jamais serem esquecidas ou questionadas. Impossível quantificar e expressar a gratidão (sim, esta palavra/ sentimento deve ser repetido aqui muitas vezes) que sinto por tudo que Hondaku Sensei fez, não só por mim, como dito logo acima, mas pelo que faz por nossa escola. Não sei se consigo, nesta vida, retribuir à altura.
Nesta mesma época, meados de 2005, acompanhei pessoalmente uma palestra de outro mestre incrível chamada “O Sorriso do Buda para um Gato Preto”. Na ocasião, troquei poucas palavras com o palestrante, Wagner Sensei (Shaku Haku-Shin) com receio de falar alguma besteira, uma vez que eu começava a tentar conhecer o budismo. Todavia, a deferência pelo Rev. Wagner vem desde essa década, reforçada pelos ensinamentos a distância via extinta lista virtual “Budismo Shin” do Yahoo. Sua atuação sempre foi admirável e encorajadora. Posso falar por mim, hoje, que considero Wagner Sensei um amigo, um grande professor, um grande mestre, uma espécie de pai: rígido e amoroso na medida exata e que só engrandece meu caminho. Sua trajetória e sabedoria são fascinantes!
No decorrer da década, perdi a confiança em minha antiga escola, por uma série de razões - questionamentos pessoais e motivações externas. Me afastei, experimentei outros caminhos. Não deram certo. Mas me ensinaram, me orientaram a chegar onde estou e me deram a oportunidade de conhecer irmãos que hoje caminham comigo: Ícaro, Luciana, e estou feliz!
Atualmente, o Sangha da qual faço parte, agora oficialmente, me inspira, me oferece segurança para eu seguir minha vida e me proporciona alegria por nela ter, finalmente, encontrado o que buscava. Hoje, meu kikyoshiki foi um recomeço.. Não mantive o antigo homyo. Encarei o passo de hoje como um verdadeiro renascimento. Além dos ensinamentos do mestre Shinran Shonin e de Shakyamuni Buda, construímos uma família forte, rica em tudo o que o ser humano pode oferecer de melhor: Hernan Vilar, Ícaro Matias, Celso Campos, Silvia Cappucelli, Luciana Castanho, Godinho, Ricardo Ito, Ricardo Gentil, entre outros, são pessoas que estão em minha vida cotidiana, incontornáveis para mim, irmãos no dharma e na vida. Isso, o budismo me proporcionou. Isso, aquele rapaz entusiasmado e inspirador que abriu as portas da senda budista para mim e que não desistiu de minha pessoa quando vacilei na confiança, o italiano mais japonês que conheço, Maurício Ghigonetto, hoje meu Sensei Hondaku, me permitiu chegar ao sempre me acolher para caminhar ao seu lado. Isso, aquele outro ítalo-japonês, Wagner Haku-Shin, com toda sua sabedoria e experiência, mesmo a distância em boa parte do tempo, garantiu através de uma admiração irrestrita que por ele sinto.
Minha gratidão (de novo e mais forte) e alegria não cabem aqui, mas minhas limitações inspiram a expressão destas palavras, talvez pobres em função do real sentimento em meu coração. Este texto sem muita (ou nenhuma) erudição, porém, com muita inspiração e coração, é pura gratidão a estas pessoas que não desistiram de mim com o tempo, e para outras que encontrei pelo caminho e me abraçaram como irmão, mesmo que eu não seja alguém tão falante normalmente, ou tão ativo como gostaria. Todos estão ao meu lado e sinto-me forte por isso. Meu texto e meu amor fraterno é dedicado a vocês! Obrigado Sangha. Obrigado Daishinkai.
Gasshô!
Namu Amida Butsu!
Glauco Escórcio (Shaku Yui Nen)
Hoje, dia 06 de dezembro de 2015, participei no Templo budista Higashi Honganji, Ordem Otani do Budismo Shinshu, da cerimônia de iniciação denominada Kikyoshiki. Em termos práticos, o rito oficializa os participantes como integrantes do Sangha (comunidade) desta escola budista. Uma escolha fundamentada na confiança dos ensinamentos do mestre Shinran Shonin. Entre as várias passagens do rito, recebemos a tonsura simbólica e o homyo (nome budista provido de um forte simbolismo fraterno e significativo em termos de sentido no caminho budista). Recebi o nome de Shaku (derivado de Shakyamuni, o buda histórico) Yui (唯 – único) Nen (念 – representa o nome sagrado). Portanto, aquele que segue unicamente o ensinamento sagrado. Assim, penso que algumas considerações devam ser expressadas.
Em primeiro lugar, impossível não manifestar a emoção, honra e alegria sentidas neste momento especial de minha vida (se é que em palavras conseguimos transmitir o que vivenciamos). O orgulho de receber a tonsura e o homyo das mãos de um descendente direto de Shinran Shonin, Rev. Choyu Otani, Grão mestre de nossa ordem, é algo indescritível. Depois, é preciso dizer que nada é ao acaso, e que a ocasião é fruto, ao menos sobre aquilo que me diz respeito, de uma longa caminhada.
Não é a primeira vez que vivencio tal experiência, apesar da emoção experimentada. Há dez anos atrás, passei pela mesma cerimônia, na mesma escola, só que em outra ordem. Por várias razões que não cabem aqui, o caminho foi interrompido. Todavia, foi naquela oportunidade que conheci duas pessoas que me inspiram até hoje. Um jovem rapaz que hoje é um grande monge: Jean-Jacques Algieri (Shaku Tetsuji) e que tomou refúgio no mesmo dia que eu, precisamente em 2005. Anos mais tarde, optou igualmente por mudar de ordem, e sinto orgulho e felicidade por saber que nossos caminhos ainda estão alinhados e que sua amizade é inquestionável.
Outra pessoa que lá encontrei é alguém para quem não consigo encontrar palavras que expressem a gratidão por tudo o que fez e faz por mim. Na escola anterior, era um rapaz cheio de energia e atitudes que tinham o único propósito de difundir o dharma. Promoveu várias iniciativas num grande esforço para apresentar os ensinamentos proferidos por Sidarta Gautama e Shinran Shonin para uma cultura diferente e resistente a novas ideias. Seu entusiasmo e dedicação, dez anos depois, ainda me inspiram, provocam em mim uma admiração reverente, a sensação de alegria por tê-lo conhecido, além de, pessoalmente, considerá-lo mais que um amigo – um irmão. Falo de Maurício Hondaku (Shaku Hondaku), monge da ordem Otani, cuja contribuição para a difusão dos ensinamentos budistas, gentileza, entusiasmo, dedicação, não podem jamais serem esquecidas ou questionadas. Impossível quantificar e expressar a gratidão (sim, esta palavra/ sentimento deve ser repetido aqui muitas vezes) que sinto por tudo que Hondaku Sensei fez, não só por mim, como dito logo acima, mas pelo que faz por nossa escola. Não sei se consigo, nesta vida, retribuir à altura.
Nesta mesma época, meados de 2005, acompanhei pessoalmente uma palestra de outro mestre incrível chamada “O Sorriso do Buda para um Gato Preto”. Na ocasião, troquei poucas palavras com o palestrante, Wagner Sensei (Shaku Haku-Shin) com receio de falar alguma besteira, uma vez que eu começava a tentar conhecer o budismo. Todavia, a deferência pelo Rev. Wagner vem desde essa década, reforçada pelos ensinamentos a distância via extinta lista virtual “Budismo Shin” do Yahoo. Sua atuação sempre foi admirável e encorajadora. Posso falar por mim, hoje, que considero Wagner Sensei um amigo, um grande professor, um grande mestre, uma espécie de pai: rígido e amoroso na medida exata e que só engrandece meu caminho. Sua trajetória e sabedoria são fascinantes!
No decorrer da década, perdi a confiança em minha antiga escola, por uma série de razões - questionamentos pessoais e motivações externas. Me afastei, experimentei outros caminhos. Não deram certo. Mas me ensinaram, me orientaram a chegar onde estou e me deram a oportunidade de conhecer irmãos que hoje caminham comigo: Ícaro, Luciana, e estou feliz!
Atualmente, o Sangha da qual faço parte, agora oficialmente, me inspira, me oferece segurança para eu seguir minha vida e me proporciona alegria por nela ter, finalmente, encontrado o que buscava. Hoje, meu kikyoshiki foi um recomeço.. Não mantive o antigo homyo. Encarei o passo de hoje como um verdadeiro renascimento. Além dos ensinamentos do mestre Shinran Shonin e de Shakyamuni Buda, construímos uma família forte, rica em tudo o que o ser humano pode oferecer de melhor: Hernan Vilar, Ícaro Matias, Celso Campos, Silvia Cappucelli, Luciana Castanho, Godinho, Ricardo Ito, Ricardo Gentil, entre outros, são pessoas que estão em minha vida cotidiana, incontornáveis para mim, irmãos no dharma e na vida. Isso, o budismo me proporcionou. Isso, aquele rapaz entusiasmado e inspirador que abriu as portas da senda budista para mim e que não desistiu de minha pessoa quando vacilei na confiança, o italiano mais japonês que conheço, Maurício Ghigonetto, hoje meu Sensei Hondaku, me permitiu chegar ao sempre me acolher para caminhar ao seu lado. Isso, aquele outro ítalo-japonês, Wagner Haku-Shin, com toda sua sabedoria e experiência, mesmo a distância em boa parte do tempo, garantiu através de uma admiração irrestrita que por ele sinto.
Minha gratidão (de novo e mais forte) e alegria não cabem aqui, mas minhas limitações inspiram a expressão destas palavras, talvez pobres em função do real sentimento em meu coração. Este texto sem muita (ou nenhuma) erudição, porém, com muita inspiração e coração, é pura gratidão a estas pessoas que não desistiram de mim com o tempo, e para outras que encontrei pelo caminho e me abraçaram como irmão, mesmo que eu não seja alguém tão falante normalmente, ou tão ativo como gostaria. Todos estão ao meu lado e sinto-me forte por isso. Meu texto e meu amor fraterno é dedicado a vocês! Obrigado Sangha. Obrigado Daishinkai.
Gasshô!
Namu Amida Butsu!
Glauco Escórcio (Shaku Yui Nen)