Entre os dias 31 de outubro e 02 de novembro de 2015 , vivi uma experiência inédita junto com outros amigos, muitos deles antes virtuais, e que agora são irmão no Dharma. Chamada de Otera-Taiken (Vivência no templo). O evento foi pioneiro no Brasil realizado pela Escola Jodo Shinshu ramo Otani-ha. Por este motivo tudo que o envolveu esteve cingido pela apreensão: desde os monges responsáveis pela expectativa relativo ao andamento do retiro, quanto dos participantes. Claro que este "participantes" comporta minha visão particular. Dois de meus irmãos na senda budista, Celso O-Jun, e Ícaro Matias descreveram suas experiências logo em seguida ao nosso retiro, bastante inspirados por um coração sincero (1). Eu até esbocei o texto na ocasião, mas preferi esperar na tentativa de escrever algo menos tomado pela emoção.
Cheguei ansioso para participar, mas ao mesmo, tenso e receoso de cometer alguma gafe ou imprudência num ambiente que tem sua própria rotina e esta mergulhada em uma cultura com a qual não estou tão familiarizado. Recepcionados de maneira tão acolhedora pelos Sensei Wagner Haku-Shin, Maurício Hondaku e pelo Rinban Bunsho Obata, me senti um pouco menos preocupado face ao que me esperava.
Logo que começamos, todas estas apreensões da mente desapareceram e deram espaço a uma experiência de aprendizagem sem paralelos. Não me inquietava mais com gesto desastrado. Aliás, não havia preocupação individual de minha parte. O Otera-Taiken ganhou um corpo que ultrapassou qualquer individualidade e se tornou uma manifestação una. Não éramos mais seis aprendizes, éramos um. O "Um" que integrava os neófitos, Söryös, o Rinban, a cozinheira do templo, os secretários, enfim, para mim, a tradução mais pura de "Sangha". Todos conviveram e experimentaram um clima de união e fraternidade raro.
Convivo com o Budismo Shin há 11 anos. Contudo, os aprendizados no Otera Taiken alteraram a perspectiva que eu tinha sobre determinadas práticas. Numa analogia simplista, seria como se eu me alimentasse há muito tempo de algum prato que me satisfizesse, e me mantivesse vivo. Neste alimento, foram acrescentados temperos que lhe tornaram muito mais saboroso e nutritivo, o que, por consequência, me deu maior dinamismo.
O Shö Shin Nembutsu Gë, (Shöshingë), principal hino da Verdadeira Escola da Terra Pura tem, agora, um outro sentido, um significado muito mais profundo e rico como nunca antes. Wagner Haku-Shin Sensei, com uma gota de seu conhecimento, apontou caminhos para que o sentimento na recitação ao Shöshingë fosse muito mais intenso do que outrora.
Maurício Hondaku Sensei, por sua vez, abriu meus olhos para um universo de pensamento ilimitado do Budismo Jödö¨Shinshu. Homens que contribuíram para a riqueza espiritual e filosófica de nossa escola foram a nós introduzidos com brilhantismo. Assim, passamos a ter noções de ideias desenvolvidas por Kiyozawa Manshi, Akegarasu Haya, Shuichi Maida, Kaneko Daiei, Soga Ryōjin - uma preciosidade! Claro, sem deixar de mencionar a aula com a qual Maurício Sensei nos presentou sobre a história de nossa Ordem, Foi uma viagem no tempo!
A isso, acrescento os ensinamentos a respeito da simbologia Shinshu, o cerimonial de Obupan, o Höji, as palavras do Rinban Bunsho Obata. Foi, de fato, uma vivência inesquecível. Nesta hora, já não era possível ter uma experiência exclusivamente racional. Eu estava integrado e entregue a algo muito maior do que a minha pequeneza.
Pois bem, se o propósito deste texto seria expor algumas palavras menos inspiradas pela emoção imediata do Otera-Taiken, penso ter falhado. Relatar os dias que ali vivemos, com tudo o que os envolveu, torna a tarefa a que me propus algo um tanto quanto impossível. Afinal, não se trata de uma experiência que mobiliza unicamente minha faculdade racional. Tudo o que vivi ali me envolveu espiritualmente, sentimentalmente, emocionalmente, sensações impossíveis em palavras precisas. Estávamos definitivamente acolhidos pela Luz imensurável do Buda Amida. Só posso expressar minha profunda gratidão pelo que vivi.
Às vésperas do II Otera-Taiken, torço muito para que as pessoas que vivenciarão esta experiência pela primeira vez, sejam igualmente envolvidas pela sensação de acolhimento, aprendizagem, gratidão que a razão não explica. Que todas possam sentir a compaixão de Amida em seu ser.
Namu Amida Butsu.
Glauco Yui-Nen
1. Clique sobre seus os nomes para ler os relatos.
Cheguei ansioso para participar, mas ao mesmo, tenso e receoso de cometer alguma gafe ou imprudência num ambiente que tem sua própria rotina e esta mergulhada em uma cultura com a qual não estou tão familiarizado. Recepcionados de maneira tão acolhedora pelos Sensei Wagner Haku-Shin, Maurício Hondaku e pelo Rinban Bunsho Obata, me senti um pouco menos preocupado face ao que me esperava.
Logo que começamos, todas estas apreensões da mente desapareceram e deram espaço a uma experiência de aprendizagem sem paralelos. Não me inquietava mais com gesto desastrado. Aliás, não havia preocupação individual de minha parte. O Otera-Taiken ganhou um corpo que ultrapassou qualquer individualidade e se tornou uma manifestação una. Não éramos mais seis aprendizes, éramos um. O "Um" que integrava os neófitos, Söryös, o Rinban, a cozinheira do templo, os secretários, enfim, para mim, a tradução mais pura de "Sangha". Todos conviveram e experimentaram um clima de união e fraternidade raro.
Convivo com o Budismo Shin há 11 anos. Contudo, os aprendizados no Otera Taiken alteraram a perspectiva que eu tinha sobre determinadas práticas. Numa analogia simplista, seria como se eu me alimentasse há muito tempo de algum prato que me satisfizesse, e me mantivesse vivo. Neste alimento, foram acrescentados temperos que lhe tornaram muito mais saboroso e nutritivo, o que, por consequência, me deu maior dinamismo.
O Shö Shin Nembutsu Gë, (Shöshingë), principal hino da Verdadeira Escola da Terra Pura tem, agora, um outro sentido, um significado muito mais profundo e rico como nunca antes. Wagner Haku-Shin Sensei, com uma gota de seu conhecimento, apontou caminhos para que o sentimento na recitação ao Shöshingë fosse muito mais intenso do que outrora.
Maurício Hondaku Sensei, por sua vez, abriu meus olhos para um universo de pensamento ilimitado do Budismo Jödö¨Shinshu. Homens que contribuíram para a riqueza espiritual e filosófica de nossa escola foram a nós introduzidos com brilhantismo. Assim, passamos a ter noções de ideias desenvolvidas por Kiyozawa Manshi, Akegarasu Haya, Shuichi Maida, Kaneko Daiei, Soga Ryōjin - uma preciosidade! Claro, sem deixar de mencionar a aula com a qual Maurício Sensei nos presentou sobre a história de nossa Ordem, Foi uma viagem no tempo!
A isso, acrescento os ensinamentos a respeito da simbologia Shinshu, o cerimonial de Obupan, o Höji, as palavras do Rinban Bunsho Obata. Foi, de fato, uma vivência inesquecível. Nesta hora, já não era possível ter uma experiência exclusivamente racional. Eu estava integrado e entregue a algo muito maior do que a minha pequeneza.
Pois bem, se o propósito deste texto seria expor algumas palavras menos inspiradas pela emoção imediata do Otera-Taiken, penso ter falhado. Relatar os dias que ali vivemos, com tudo o que os envolveu, torna a tarefa a que me propus algo um tanto quanto impossível. Afinal, não se trata de uma experiência que mobiliza unicamente minha faculdade racional. Tudo o que vivi ali me envolveu espiritualmente, sentimentalmente, emocionalmente, sensações impossíveis em palavras precisas. Estávamos definitivamente acolhidos pela Luz imensurável do Buda Amida. Só posso expressar minha profunda gratidão pelo que vivi.
Às vésperas do II Otera-Taiken, torço muito para que as pessoas que vivenciarão esta experiência pela primeira vez, sejam igualmente envolvidas pela sensação de acolhimento, aprendizagem, gratidão que a razão não explica. Que todas possam sentir a compaixão de Amida em seu ser.
Namu Amida Butsu.
Glauco Yui-Nen
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